Que fim levou

Terça-feira passada, 7 de abril, foi Dia do Jornalista. Confesso que não me lembrava... Passei o dia no supermercado, preocupada  em suprir a despensa para a minha ‘famiglia’, como qualquer mãe costuma fazer. Somente me dei conta da data especial à noite, quando, ao passar os olhos pelo facebook, encontrei  os parabéns que minha irmã havia deixado para mim. Na verdade, os parabéns vieram discretamente: o meu nome marcado num comentário feito por ela na timeline de sua cunhada, jornalista pra lá de competente e atuante no Espírito Santo. Não fosse por isto, o Dia do Jornalista teria passado em branco para mim. Mas, como um simples ponto pode mudar toda a história, esta lembrança de minha irmã mudou a noite da minha terça-feira.
Viajei no tempo e me vi como personagem de uma coluna que o jornal O Globo publicava, se não me engano na década de 1980, intitulada “Que fim levou”. Pra falar a verdade, nem sei se ela ainda existe. Como o próprio nome sugere,  a coluna buscava trazer para os leitores o que havia acontecido  com pessoas públicas que simplesmente desapareceram da mídia. “Que fim levou” tinha ainda o objetivo de  resgatar o fim das inúmeras histórias que, da mesma forma que se transformam em notícias, são sepultadas por novos acontecimentos, mais curiosos, surpreendentes ou, simplesmente, mais atuais.
Pois bem, foi ao ver meu nome ali, marcado num comentário na timeline desta colega e amiga querida, que me perguntei: que fim levou a Mariza Pelegrineti  jornalista? Melhor:  que fim levaram os meus projetos profissionais, meu prazer em sugerir uma pauta, apurar uma matéria, pensar no lead, teclar as pretinhas e ver mais um texto pronto para ir para o “prelo”? Que fim levou a minha satisfação por fazer parte de uma redação, por responder, ”sou jornalista”, ao perguntarem a  minha profissão? Afinal, não sou diferente de nenhum ‘coleguinha’ e devo admitir: sempre tive muito orgulho de ser jornalista! Bem, a resposta é uma só. Assim como uma notícia de ontem, a Mariza jornalista foi ‘substituída’ no mercado de trabalho por colegas mais jovens.
Não, isto não é um drama! Esta é a realidade. Eu não serei a primeira e nem a última pessoa a passar por isto. Não importa a profissão. O que importa é o momento. Cair no esquecimento pode acontecer  por uma escolha feita na hora errada por você, ou, ainda, por ter sido a ‘bola da vez’ . Aliás, esta ‘bola’ já era cantada pra mim por uma amiga há muitos anos. Minha xará Marisa (com S), dizia sempre:  “ No Brasil, se ficar desempregada depois dos 40 anos, desista de procurar emprego. São poucos os que terão a chance de se recolocar profissionalmente.” Dito e feito! Procurei Deus e o mundo, mandei inúmeros currículos ao longo de mais de um ano. Nada, nada... Pra que insistir? As empresas preferem dividir seu salário para dois, até mesmo três recém-formados e moldá-los de acordo com os interesses delas.  Aí, desisti! 
Resolvi tirar alguns projetos da gaveta e recomeçar minha caminhada, interrompida inesperadamente após uma cirurgia no joelho e alguns meses de licença para a recuperação. Tem essa também...Nem todo profissional tem o direito de ficar doente.  O pior de tudo é que o joelho nem ficou lá estas coisas, falha e dói até hoje!! Enfim, o jeito foi sair da zona de conforto, o que, no entanto, não é nada fácil. Foram anos trabalhando, contando com salário, benefícios, férias, 13º, etc, etc, conhecendo novas pessoas, adquirindo novos conhecimentos. Até hoje estou tentando me organizar e, em breve, espero poder somar ao ‘jornalista’ novas atividades.  Sim, porque nunca deixarei de ser jornalista. Cheguei a uma conclusão muito simples, bobinha até, mas que está valendo. Somos  como um jornal: temos um leiaute igual todos os dias (tirando as manchas e rugas que ganhamos a cada minuto! hehehehe), mas o conteúdo muda dia a dia. Sem dúvida, cada leitura e cada dia nos trazem novos conhecimentos. E nos abrem novas portas. O xis da questão é ter coragem para atravessá-las! No meu ritmo, estou à caminho!
Em tempo: apesar de ter ‘comido barriga’, parabéns a todos amigos e coleguinhas jornalistas pelo seu dia! E por hoje, amanhã, depois de amanhã... afinal, jornalista não para!!
Equipe do JB - Só fera!!

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