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Mostrando postagens de 2020

Vai pra casa, Tininha!

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 Em dezembro de 1980, eu e minha irmã mais nova, Ângela, nos preparávamos para passar uma temporada de seis meses nos EUA. Era a época em que muitos jovens de classe média faziam intercâmbio para a casa de famílias no exterior, mas no nosso caso foi diferente. Tínhamos alguns amigos americanos que nos receberam por lá – Joan Meznar,  seu irmão Martin Meznar e Larry Welch.  Ângela ficou em Austin, no Texas, na casa de Joan por seis meses. Foi também lá que passamos o Natal de 1980. Apenas Joan, Martin e nós duas. Já  Larry Welch, que também nos recebeu no aeroporto em Dallas, quando chegamos, estudava na North Texas State University, em Denton. Segui para Denton, depois do Natal. Fui fazer um curso de Inglês para estrangeiros e fiquei num dos alojamentos da universidade. Seriam seis meses de estadia, a princípio. Mas, como meu visto tinha um ano de validade e arrumei trabalho no Mac Donald´s e em um dos refeitórios da Universidade, que me garantiam o sustento, em maio ou junho de 19

"Blue eyes”

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Foram quase 40 anos de convivência. No começo eu estranhava tudo:   a diferença gritante de temperamento entre as pessoas da família – uns mais reservados, outros muito comunicativos - a comida, a língua, os costumes. Mas, aos poucos, fui me adaptando e percebendo que tudo – e todos, na verdade - giravam ao redor dela. Sem nenhuma demonstração de poder ou “autoritarismo”, ela dominava naturalmente o ambiente – era a verdadeira, “Dona do Pedaço”! Não só por ser a verdadeira mãe judia, ou por ser a mulher mais talentosa para fazer bolos, tortas, pães, biscoitos, sorvetes, pastas de fígado e beringela (inesquecíveis) e todas as comidas da cozinha judaica, mas por ser a personificação legítima de seu nome, cuja origem é o Latim – Augusta! Augusta significa majestosa, nobre, glorificada.   Eu e Augusta, em minha casa Acho que não só eu, mas creio que todos sabiam que naquela pequena família de cinco pessoas - que já tinha dois agregados e dois descendentes - e da qual eu começava a fazer

As lembranças que o "álcool" traz

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Vou começar este texto como fiz com o primeiro que escrevi em 2012 – Voa Canarinho,  Voa ... - e  que me levou a acreditar que, talvez, eu soubesse escrever fora dos padrões de um texto jornalístico. D epois do “Voa...” que foi publicado no blog "A Pelada como ela é", de meu colega Sérgio Pugliese, no Jornal O Globo (edição de 02/10/2012, eu acho)  vieram muitos outros textos – bons, ruins, muito bons, sem graça ...- mas que, de alguma forma, me fizeram feliz. Nos últimos tempos, porém, por força das circunstâncias, do momento político, da pandemia, meus textos tiveram quase sempre a decepção, a dor, o absurdo e a insensatez de tantas pessoas, que têm o poder de afetar a vida de milhões de outras neste mundo, como tema.  Chegou uma hora em que a fonte secou. Parei de escrever, não me interessava, não conseguia mais. Hoje, no entanto, me deu vontade de retomar a escrita da primeira leva, a que me deixava feliz e espantava meus fantasmas! Os contos de fada não começam sempre co

Novo normal

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Uma das situações que vivi quando trabalhei como repórter na editoria Grande Rio, no jornal O Globo, nos idos de 1989, tem ‘frequentado’ constantemente os meus pensamentos nestes últimos dias. Estávamos eu, um fotógrafo e um motorista do jornal num carro Gol branco, sem identificação externa, entrando numa das favelas da zona norte do Rio. Fomos fazer uma matéria sobre a visita de vereadores à comunidade, para inauguração de uma pequena obra, que não me recordo bem qual era. Assim que entramos na favela o motorista colocou, no console, uma placa com o nome do Jornal. Mas a placa não foi o suficiente, claro. Em poucos minutos fomos cercados por três ou quatro homens armados de escopetas. “Quem são vocês, o que querem aqui, vão aonde?” Depois de tudo esclarecido, no entanto, não fomos liberados para continuar nossa busca sozinhos. Sem saber o local correto da inauguração, nossos ‘recepcionistas’ nos levavam pelas estreitas ruas da favela e perguntavam aos moradores se sabiam de alg

Quem apagará a luz ? Carta aberta aos que têm medo 2

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Bolsonaro por Ique , amigo dos tempos do JB E stamos sendo dizimados por um vírus, o coronavírus, em pleno século 21. Países como China, Itália, Espanha, choram por seus milhares de mortos. Infelizmente este pranto também já chegou aqui. T emos os nossos mortos para contar, para jogar nas estatísticas. Já são quase 100, em poucas semanas, e milhares de contaminados. Neste momento,  todos deveriam respeitar as orientações da Organização Mundial de Saúde e ficar em casa de quarentena para diminuir a escalada de contaminação. Estas são orientações, inclusive, replicadas pelo Ministério da Saúde e por médicos decentes e esclarecidos deste País pois, acreditem, há aqueles que discordam destes protocolos! Seguindo este mesmo raciocínio, o Sr. Jair Bolsonaro, presidente do Brasil, invade as casas da população brasileira, em rede nacional, afirmando que não é necessária a quarentena, pois a Covid-19, doença causada pelo coronavírus, é apenas uma "gripezinha"! Ainda completa q

Hora de mudar o foco

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Uma das coisas que sempre tentei preservar e valorizar na  minha vida foi a liberdade.Acredito que seja este o desejo da maioria das pessoas - poder sair, conhecer o mundo, novas pessoas e lugares.Tudo isto sempre me fascinou. Ano passado tive a oportunidade de ir, pela primeira  vez, à Argentina. Meu filho Tiago, estudante de veterinária, ganhou uma bolsa de estudos e foi para a Universidad Nacional del Centro de la Província de Buenos Aires, e m  Tandil , cidade simplesmente adorável, a algumas horas da capital Argentina. Três meses após a ida dele, meu marido e eu juntamos a saudade do filho com férias e fomos conhecer a terra dos 'hermanos'! Ah, como é bom poder usufruir destas chances que a vida nos oferece! Após percorrer por umas cinco ou seis horas os pampas argentinos, assistir a um   por  do sol lindo e, sem dúvida, o mais longo da minha vida, chegamos a Tandil,  onde matamos a saudade do filho,  passeamos muito por uns seis dias e seguimos para Buenos Aires.