Não fomos formalmente
apresentadas. Nosso encontro foi natural, espontâneo, há muitos anos, na
verdade, há décadas! Ela estava lá pela nossa casa, protegida por uma capa de
couro marrom, me desafiando a descobrir seus segredos, que meu pai Ary conhecia
tão bem! Logo eu, uma menina pra lá de curiosa! Não pude resistir... Bastou o primeiro contato e nunca mais a
esqueci. Mesmo com toda a teimosia que lhe era peculiar: eu tentava ver uma
imagem através daquele quadradinho que se abria em cima dela e ela me mostrava a
imagem do lado oposto. Parecia que brincávamos de pique esconde. Aos poucos, no entanto, aprendi a falar o nome
dela – Rolleiflex! - e a admirar as fotos que meu pai “tirava” dela. Foi o
começo da minha paixão, hoje um amor maduro pela fotografia.
Ao longo dos anos que se
passaram desde então, vivi cercada por câmeras e fotógrafos. Na adolescência eu
era a garota “brega”, que levava a câmera para todos os lugares! Imagina carregar
uma OlimpusTrip para a Praia de Ipanema em plena década de 1970! Tinha quase
que fotografar escondida, para não fazer as amigas passarem vergonha! Hoje,
algumas dessas amigas me procuram para saber se ainda tenho aquelas velhas fotos
para compartilhar no facebook!
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Poucos têm uma foto exclusiva com o Cristo, sem papagaio de pirata ! | Época do JB. | |
Após me formar em jornalismo
pela Universidade Federal Fluminense, em 1985, tive a sorte de trabalhar com
grandes fotógrafos nas redações do Jornal
do Brasil e de O Globo. Minha escolha foi o jornalismo escrito, mas
confesso que muitas vezes senti uma ponta de inveja de meus colegas de redação,
com suas câmeras no pescoço e aquele colete bege, cheio de bolsos com rolos de
filmes, filtros, pilhas e lentes. Que charme, meu Deus! Mas o melhor era ver
aquelas fotos maravilhosas, diariamente, e ter a chance de ganhar algumas fotos pra lá de exclusivas, como esta no Corcovado!
Também já havia viajado um pouco
e voltado com fotos e mais fotos na bagagem. Aí vieram os sobrinhos, os filhos,
e a fotografia acabou de me arrebatar. Assim, entre família, trabalho e viagens,
estendo o meu olhar sobre as pessoas, as cidades, a natureza. Um olhar curioso, de fotógrafa amadora (fiz
apenas um ou dois semestres de fotografia na UFF e um curso básico, na
Sociedade Fluminense de Fotografia). Um olhar em busca de um pequeno detalhe
que faça a diferença e revele uma nova e única imagem. Basta uma luz, um
reflexo, um movimento, e esta imagem, que jamais se repetirá - como acontece ao
girarmos um caleidoscópio - ficará registrada em minha memória e será eternizada
pela minha ‘caixa mágica’.
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