Carta aos pais da Nina e aos seus avôs maternos

Primeiro passeio da Nina? - brunch Batata e Alê
Bia e Cláudio vendo Nina pela primeira vez
Hoje acordei com o meu próprio choro, o travesseiro molhado. Demorei a entender o porquê, depois de uma noite tão mal dormida - por conta desta tosse que agora cisma em acompanhar a rouquidão que, praticamente, me calou há cinco, seis dias - as lágrimas não paravam de descer. Tentei me situar no tempo e espaço e nesta hora tive a clara sensação de estar vendo, a mim mesma, há poucos meses, também com a voz quase inaudível, chamando: Bia, Bia ... Então entendi, claramente, o meu choro de hoje.

Não sei se vocês – Letícia, Nollan, Bia e Cláudio - ainda se lembram. Eu mesma não sabia direito o que eu havia dito após chamar você, Bia, naquela dolorosa manhã de maio. Mas ‘quis o destino, quis o acaso’, como diria o poeta, que o Nollan, o pai da Nina, do outro lado daquela capela – exatamente de onde eu me enxergava esta manhã – pegasse o celular e gravasse, bem baixinho, o que eu tentava dizer para vocês. Quase sem voz, tremendo, amparada pela Ângela, saí do “script” e compartilhei o que sentia naquele momento difícil para todos nós, em especial para Bia, Cláudio, Fabinho e Letícia:

“Bia, Bia... Ontem eu e Ângela estávamos comentando sobre estes últimos dias com o André, sobre a oportunidade que a gente teve de poder te ajudar um pouco a cuidar dele. Eu confesso que nesses 32 anos de vida do André, eu sempre tive muita dificuldade de cuidar dele, de olhar para ele, de chegar e fazer um carinho. Me doía muito. Não foi coincidência que você ficou com esta conjuntivite. A gente não tinha outra opção: a gente assumia ou não. Fiquei poucas vezes com ele no hospital. Mas foi uma lição pra mim.
Foram 32 anos que você ninou esta criança. Com todo amor e carinho que a gente sempre viu e sentiu. Um amor que não tem medida, que não tem tamanho. Eu acho que o amor do André, que esta partida dele não foi à toa. Você ninou esta criança por 32 anos e ele liberou seu colo para você ninar a sua neta que está chegando. Para que você transfira todo o seu amor para Nina, que tá chegando e que vai trazer muita alegria. Assim como o André, que apesar de todo o sofrimento, trouxe para nós ... Todo ensinamento que ele nos deu agora... Eu fico feliz de ter podido ajudar um pouquinho. ...é como se ele estivesse entendendo nosso amor, como um filho.”

Queria muito ter ido aí esta semana, ter feito companhia, ter dado um carinho para você Letícia, um apoio para você, ‘mamãe Bia’, para o Cláudio e Nollan.  Mas, assim como você não pode ficar com o André, Bia, eu não podia correr o risco de contagiar vocês com seja lá qual for o motivo da minha tosse ou rouquidão. Me restou escrever. Sair do script que eu havia programado para esta semana e compartilhar, através do celular, o que gostaria de dizer pessoalmente. Acho até que, mais uma vez, não foi à toa. Sou melhor na escrita, não sei falar ao vivo e a cores.

Bia, pelo whatsap a gente tem visto você aconchegando a Nina em seu colo, transferindo seu amor incondicional de mãe e avó a esta menina linda que chegou para a alegria de todos nós. Como sempre fez com o Binhão, o Deco e a Titita! Como sempre, irradiando uma beleza e uma força incomuns, e uma suavidade sem tamanho. Continue brincando de boneca e comidinha, como você disse outro dia. A partir de hoje os problemas começarão a se dissipar e a brincadeira vai começar de verdade!

Letícia, apesar de todo o seu tamanho e força aparentes, espelhe-se na força e grandeza daqueles que sempre nos pareceram mais frágeis: André e Nollan (sem ofensas, pai da Nina!). Dependente a vida inteira, seu irmão enfrentou inúmeras batalhas e venceu todas elas. Sim, todas, porque havia um propósito ao desistir da última. Ele não perdeu a guerra. Ele somente levantou a bandeira branca para que seus companheiros pudessem se preparar, ganhar fôlego para novas batalhas. Nestas, sem ele. Achei muita coincidência quando Nina ganhou a roupinha de super-bebê. Sua mãe deve se lembrar que eu dei uma dessas – com o símbolo do super-homem – para o André. Ele foi um super-bebê, que contou a vida inteira com seus super-pais, Bia e Cláudio. Assim como você e Nollan tem demonstrado ser para Nina!

O primeiro vídeo que o papai Nollan postou de você amamentando a Nina, ainda no hospital, de madrugada, ouvindo uma música e acariciando o cabelinho dela, mostra que vocês já estão prontos para enfrentar a batalha que começa hoje. Vimos nele, pela primeira vez, o super-pai Nollan, se desmanchando em corujisses, cuidados e carinho e sendo o apoio e a força que você tanto precisa neste momento e em mais alguns que virão. Depois, como disse para a Bia, a brincadeira vai começar.

Quanto a você, vovô Cláudio, continue se derretendo de paixão pelas suas meninas, em especial esta pequenina Nina, e segure a onda! Nem é preciso dizer que vocês quatro não estão sozinhos nesta etapa. Além de vocês estamos nós quatro – Fábio, Eloísa, Ângela e eu - além de todos os adoráveis descendentes e agregados – em vigília e com nossos colos liberados! ‘Bora que temos muita vida pela frente!

Beijo da irmã, prima, cunhada, tia, tia-avó mais chorona do planeta!

Mariza
Niterói, 03.09.2015


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