Minha mãe, é uma peça (4)

Quem dera alguém tivesse tido o poder de colocar esta pequena vírgula no título desta história e mudado o seu sentido, mudado todo o seu enredo. Uma pequena vírgula, numa frase comum, eternizada pela criação do ator e humorista Paulo Gustavo no teatro e em três filmes. Uma arte sincera, carregada de amor verdadeiro e incondicional, alegre, cômica e que expunha a milhares de pessoas a sua vida, numa linda homenagem à sua mãe, Déia Lúcia, inspiração da personagem Dona Hermínia. Quem dera ele pudesse ter tido a chance de dizer, quem dera sua mãe tivesse ouvido: “Minha mãe, é uma peça! O que estamos passando não é a realidade. Em breve as cortinas deste palco se fecharão e voltaremos à vida real!”
Este último palco em que Paulo Gustavo subiu, com a “alma cheirando a talco e bumbum de seus bebês,” no entanto, era o palco da vida real. Numa velocidade surpreendente - assim como Paulo Gustavo levou milhares de pessoas aos teatros, aos cinemas, ou à frente da TV para se divertirem com seus personagens – um vírus real o tirou precocemente, aos 42 anos, da vida e da comédia, dando a ele o triste papel de mais um personagem de uma tragédia mundial. Paulo Gustavo se tornou mais um nas estatísticas de vítimas da Covid-19, que hoje já somam mais de 411 mil pessoas somente no Brasil.
Assim como é comum na arte, esta foi uma tragédia anunciada. Mas nem todos acreditaram na sua força, na sua velocidade, no seu poder. E esta descrença foi a razão de mais de 411 mil pessoas – todas elas protagonistas de suas histórias - não terem tido tempo de dizer “ Minha mãe, é uma peça... Meu filho, é uma peça... Meu pai, é uma peça... Meu irmão, é uma peça.... Meu marido, é uma peça... Meu amigo, é um peça...” Minha sincera homenagem às pessoas que viveram ou estão vivendo este mesmo drama, esta mesma tragédia. FOTOS> INTERNET

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