Vida, rascunho e surpresas

Então é Natal. Estamos, finalmente, chegando ao final de 2022. Um ano em que, mais uma vez, comprovei que a vida não tem rascunho. Por mais que tenhamos planejado, traçado nossas metas, há sempre uma caixinha surpresa batendo à nossa porta. Se tivermos muita sorte, as surpresas serão sempre boas, mesmo que a princípio possam não parecer assim.


Ontem, dia 23.12, minha mãe completou 88 anos e recebemos mais uma dessas 'caixinhas'. Saímos cedo, eu e meu marido, rumo ao ortopedista para uma consulta de avaliação - eu me recuperando de uma cirurgia para colocação de prótese no joelho, feita em abril - e ele de um edema ósseo no pé direito. Apesar de ambos ainda sentirem muita dor, saímos felizes com o parecer médico dos dois. Eu fui liberada para caminhar, até mesmo na areia - e ele ficou livre da bengala, que carregava há meses. Saiu até ensaiando uma dancinha pelas ruas com a bengala, cantando' I'm singing in the rain.'...uma figura!

Até aí, o dia corria como o esperado. Ao chegar em casa, no entanto, tivemos que mudar nossos planos e partir para o hospital com nossa caçula (22 aninhos), que se contorcia de dores abdominais. Após algumas horas e exames, a surpresa: internação imediata para cirurgia de apêndice! "Como assim? As dores começaram hoje, ela nunca havia sentido nada"! - disse eu.

Pois é, o dia que seria de celebração passou a ser de preocupação. Apesar de ser uma cirurgia simples, era uma cirurgia...e na minha filha! Confesso que me abati imediatamente, mas não podia me deixar tomar pelo medo. Esperamos algum tempo para a internação e, ao final do dia, mudamos de ala no hospital para a cirurgia.

Ao pegar o elevador vi que além de ser a área de cirurgia de adultos era também a da maternidade. De repente a porta do elevador se abre e surge à nossa frente um daqueles bercinhos de acrílico com um bebezinho lindo, todo enroladinho em seu cueiro, só com o rostinho de fora! Se havia alguma enfermeira, pai, mãe ou médico ao lado do bercinho, não reparei. Meus olhos ficaram fixos naquela caixa de acrílico e, não sei porque, senti tanta alegria por ter tido a sorte de ver aquele bebê, que ganhei mais energia e otimismo.

Em poucas horas, tudo estaria resolvido. Enquanto minha pequena passava pela cirurgia, pude correr em casa para dar um beijo de parabéns em minha mãe - que pensou que eu não havia aparecido por estar fazendo compras de Natal! - e voltar ao hospital para repetir o que fiz em 15 dezembro de 2000 - dormir e velar o sono de minha pequena, que apesar das dores pós cirurgia, dormiu feito um bebê! Hoje cedo, mais uma surpresa - a alta foi ainda pela manhã! Chegamos bem a tempo para celebrar o Natal. Este ano, sem dúvida, com menos caixas de presentes ao pé da árvore, mas com uma sensação de completa felicidade em meu coração.

Feliz Natal, amigos. Que 2023 seja um ano repleto de emoções boas.
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