Dores

Saquarema, 23/12/2023


...e amores



Hoje é aniversário da minha mãe. Ela completa 89 anos, lúcida e com boa saúde! Estamos reunindo o máximo de pessoas da família para celebrar esta data especial e o Natal, como fazemos todos os anos, desde que éramos (seus cinco filhos), crianças. Hoje somos todos casados, demos a ela 13 netos e alguns destes netos já deram a ela alegria de ter 10 bisnetos. Já escrevi alguns textos em homenagem á minha mãe e a outras pessoas desta família grande, barulhenta, que passou  por alguma dificuldade na vida, mas jamais sentiu a dor da  fome. Esta dor terrível que ainda acontece mundo  afora e que voltou a crescer no Brasil! 

Infelizmente milhares de crianças jamais tiveram a chance de conviver com suas mães, de sentir este amor infinito. Ao contrário, enfrentam dia a dia as dores do abandono e da fome. Foi pensando nelas que escrevi o texto a seguir. Não sou poeta. Apenas tentei expressar o que sinto ao encarar a fome que atormenta tantas vidas. Republico hoje este 'quase repente' desejando  que, em breve, esta não seja mais a realidade de nosso mundo. Também desejando que celebrar a vida não seja um privilégio de algumas famílias, mas de todo e qualquer ser  humano.

Feliz aniversário, mãe! Feliz Natal a todos! 

Comecei este "quase repente" há um bom tempo, com certeza antes da era Bozo! Achei ele hoje e resolvi terminar. Só depois vi que o Lula falava em uma entrevista na TV sobre a 'volta' da Fome no Brasil...


Há dores no coração, que um médico não trata não
É a dor do prato vazio, do homem lá do sertão
Mas não é preciso ir tão longe,
Aqui mesmo, na esquina,
Tem sempre menino e menina,
pedindo um pedaço de pão
Me dói o peito, me dói a alma 
Ver aqueles olhos sem brilho e sem vida
Clamando diariamente, por um prato de comida 




Não é preciso fazer medicina,
Pra tratar destas crianças
Basta lembrar do Betinho, 
o  irmão do Henfil 
Que ao voltar do exílio
Trouxe na mala a esperança
Dizia ele:
"Quem tem fome, tem pressa"!
Não dá só para esperar, 
Resultado de fé e prece!

Não temos mais o Henfil, nem o Betinho, 
Mas a fome, ainda existe 
Esqueçamos, portanto, a política
Baixemos o dedo em riste 
Curemos primeiro esta chaga 
Que parece, nunca acaba.

Vamos juntos, eu e você, 
Do sul, do norte, da Bahia, 
Fazer do nosso Brasil, 
Exemplo de parceria 
O país da união e da fraternidade 
Sem fome e sem dor 
No corpo, na alma e no coração. 

Podemos mostrar ao mundo
Que arma, conflito e guerra
Não curam a miséria e a fome,
Na  verdade são males que ferem fundo,
o corpo e a alma,
de quem vive esta triste realidade,



A miséria e a fome
Machucam, ainda, quem sente 
mais do que piedade,
são pessoas que distribuem amor e bondade
E que ao doar o pão, 
ou um prato de comida, 
entregam não só um alimento para saciar o estômago vazio
de quem tem fome,
mas sim para lhe dar um mínimo de dignidade, 
e o trazer de volta à vida. 


 Niterói, 18/07/2021


fotos: BrasilAcontece.net, Outras Mídias. William West/AFP, Centro de Excelência.org 

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