Um novo mundo

Incrível como a vida da gente flui por caminhos diferentes dos que sonhamos ou imaginamos um dia e como, de uma forma generalizada, a história se repete a cada geração. O tempo não para, a tecnologia - descoberta, criada, desenvolvida pelos homens - nos atropela mas, apesar de todos os avanços, apesar de termos feito tudo o que fizemos, nós ainda somos os mesmos e vivemos como nossos pais”, como diria Belchior. Parece não fazer sentido, parece que estamos todos andando em círculos, mas o que move o homem, qualquer que seja a época em que tenha nascido, é sempre o sentimento que ele carrega com mais entusiasmo e determinação na juventude: o sentimento de mudança, de transformação.   


Hoje pela manhã,  ao abrir meu 'facebook', me deparei com duas ou

três lembranças de publicações de anos atrás - um encontro de colegas da faculdade (sempre uma tentativa de resgate da juventude), há 8 anos, e um texto lindo de um amigo, também da faculdade e que já não está mais entre nós, publicado há 7 anos. Neste texto, Eduardo Bayer, diz: 
Para quem nasceu nos anos 60, o mundo mudou tanto que parece que vivemos neste meio século muito mais transformações do que nossos ancestrais teriam vivido se chegassem a um século inteiro de vida...eu chego em 2013, prestes a fazer 50 anos mas com um teor estranho de juventude na linfa: percebo então que ainda me vejo alinhado às causas da juventude,  a liberdade de expressão, a resolução de conflitos através da ampliação da capacidade de diálogo e não através de guerrilhas psicológicas ou outros tipos de violência, o deixar cada um ser o que é”... 
Sete anos após Bayer postar seu texto no 'facebook', me vejo prestes a completar 58 anos, com o mesmo sentimento dele àquela época. Se não podemos ser forever young fisicamente, como diz a velha canção, acho que devemos, ao menos, tentar nos manter jovens no coração: 
“...Ainda não realizamos o ideal de nossos corações. Nós queríamos outro mundo. Ainda queremos, e por isso em nossos corações ainda somos jovens. Com a rebeldia mais madura, ativando mensagens subliminares e antivirais filosóficos, um mundo novo ainda nos parece difícil... ainda nos sufoca a mentalidade dessa geração no poder..., com táticas de totalitarismo e omissões voluntárias (por conta de ser preferível dissimular e manter aparências do que tomar posições e reconhecer as próprias falhas quando estas acontecem)”. 
Enxerga aí a semelhança com a época dos seus, dos meus, de nossos pais? Qual de nós um dia não acreditou que sua geração mudaria o mundo? Avanços aconteceram, claro, mas qual o sentimento que impulsiona cada passo que damos? 

Eduardo Bayer em 2012
(foto de arquivo pessoal)
“...Nós queremos um outro mundo neste mesmo mundo, nós queremos ver o novo, e ver feliz o povo. Eu sou esse um, e esses todos também são o que sou eu nesse ideal. O tempo é esse: a cada um, conforme as suas obras. Namastê!” 

Namastê, meu velho amigo Bayer, onde quer que você esteja...  

Comentários

  1. Márcia Larangeira
    Que bonito, Mariza Pelegrineti. E, devo confessar, como não tenho vindo muito por aqui no fcb, não sabia q Bayer havia falecido; descobri agora ao ler seu texto. Mundo estranho esse das redes sociais digitais: se a gente não põe a cara para espiar por esta janela, não nos são dadas outras possibilidades de convivência à distância. De uma certa forma, teu texto e o impacto da morte do Bayer me remetem duplamente a essa reflexão. Obrigada por me marcar no texto. Beijinhos e Namastê!
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    3 a
    Mariza Pelegrineti
    Márcia, que bom que você gostou! Que péssimo que eu tenha lhe dado esta notícia do Bayer! Acredito que a maioria de nós tenha sabido por aqui. Não dá mais pra escapar, estamos distantes uns dos outros, tocando nossas vidas, né mesmo? Bjs. e apareça mais!💖💖💖
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    3 a
    Flávio Cândido
    Lindo como o dia de sol que nos protege, mas não vai impedir de o tempo passar.
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    3 a
    Mariza Pelegrineti
    Aquele mesmo sol que embeleza nossas viagens ao Sarah, me distrai no caminho enquanto fotografo e continua nos fazendo acreditar - em meio às nossas conversas sobre a UFF, o futuro do cinema nacional , nossos famílias e política - que dias melhores virão, Flávio Cândido?
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    3 a
    Editado
    Flávio Cândido
    Dando tempo ao tempo. Que ele venha e faça o que tiver que fazer com nossas vidas.
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    3 a
    Mariza Pelegrineti
    Flávio, que tenhamos discernimento para continuarmos enxergando sempre o lado bom do que vier! Bjs. no Francisco e na Lucia.😎😎
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    3 a
    Selma Boiron
    Ah, Mariza, saudades do Eduardo Bayer...dos anos 80s, de quem já fomos. Q bom q ainda somos por aqui e temos esta possibilidade dos reencontros virtuais. Bjão pra vcs e obgda por me marcar tb😘
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    3 a
    Editado
    Mariza Pelegrineti
    Obrigada a você, Selma, por ler mais este texto meu. Bom mesmos termos estes encontros por aqui, vez por outra! Mas melhor foi você ter ido à minha exposição de fotos na Cultura Inglesa. Aliás, havíamos combinado uma pizza, que até hoje não rolou, né? Deixa esta onda passar....quem sabe vamos nós e mais alguns da turma da UFF? Sucesso sempre!📷📸📻📻🎙🎙
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    3 a
    Editado
    Selma Boiron
    Obaaaa, pós Covid, tô dentro! 😉👏👏👏😘
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    3 a
    Paulo Máttar
    Me chama!!!
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    3 a
    Roberto Falcão
    Belo texto!!!
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    3 a
    Cristina Freitas
    Muito lindo Mariza! Sim, continuamos jovens, embora fisicamente já apareçam rugas. Seremos sempre jovens se tivermos esse ímpeto de querer um mundo diferente, com mais paz e amor ao próximo. Que possamos cada um, do seu jeito, fazer a sua parte na construção desse novo mundo. A revolução começa dentro de nós. Um beijo querida!!
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    3 a
    Douglas Tourinho
    Belo texto e bela lembrança do Bayer e seus escritos, Mariza! Beijão.
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    3 a
    Valéria Veríssimo
    Poxa, Mariza Pelegrineti não sabia do falecimento Eduardo Bayer. Incrível como mesmo que não tivéssemos sido muito próximos, tenho nítidas lembranças: flashes de sensibilidade, arte e irreverência. E que belo texto, me identifique muito. Acho que tive a sorte de ter vivido ao lado de pessoas incriveis na UFF mesmo. Um beijo para você e para o Valter. Assim que a quarentena passar, vamos promover um encontro. Saudade de todos.

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