Crônica de uma “bolsa”’ atropelada



Antes que alguém me pergunte desde quando eu virei jornalista especializada em economia, vou logo avisando: a “bolsa” em questão não é a Bovespa ou qualquer outra bolsa de valores. A bem da verdade, ela nunca chegou a ser assim...  uma BOLSA! Foi apenas uma carteira a vida inteira mas, pelo modelito, aposto que sempre circulou nos melhores  salões de festas do Rio de Janeiro, nas mãos de uma mulher chique. Como acontece com todas as bolsas, no entanto, o futuro dela se tornou incerto e não sabido quando sofreu uma queda  e começou a perder o viço. Eu diria que, no mínimo, ela despencou de um penhasco, pois trocou o perfume francês de uma madame pelo fedor da  Feira de Antiguidades da Praça XV, no Rio de Janeiro! Apesar disto, foi lá que ela começou a dar a volta por cima!

Pra quem não conhece a Feira de Antiguidades da Praça XV, ela acontece todas as manhãs de sábado, faça chuva ou faça sol, debaixo do Viaduto da Perimetral, bem em frente à estação das Barcas Rio-Niterói e do Paço Imperial, que também já teve momentos de mais glamour.  Confesso que, nas poucas vezes em que fui lá, gostei! Mesmo tendo o olfato pra lá de apurado, consegui me desligar do cheiro de peixe, misturado com o de xixi, ao me deparar com tantos objetos interessantes: velhas máquinas fotográficas, relógios, cristais, lustres, quadros, roupas, móveis e todas as quinquilharias que uma pessoa ligada em reciclagem e decoração sempre aprecia! Mas, voltemos à bolsa, que é a pauta do dia.

Esta foi a bolsa comprada. Um charme
 Pois foi numa manhã de sábado chuvosa, preguiçosa , quando o que você mais quer é ficar na cama até mais tarde, ou curtir o dolce far niente que qualquer trabalhador merece, foi num destes sábados que tive que sair de casa, com toda a família – maridão e três filhos – pra visitar uma pessoa num hospital, no Rio de Janeiro.  E, já que tínhamos que ir ao Rio, sugeri uma passada na feira. É claro que todos torceram os narizes, mas acabaram indo e se divertindo! Assim foi traçado um novo destino para a velha bolsa.
                                   


Depois de circularmos pela feira, já nos dirigindo para o estacionamento, vi uma pequena bolsa de festas pendurada numa barraca. Não resisti e comprei, por uma bagatela. Já no carro, quando mostrava minha nova aquisição e nos dirigíamos finalmente para o hospital, os meninos falaram – “Bobeou mãe! Ali, no meio do asfalto, tem uma parecida!” Quando vi, ela já estava refletida no espelho retrovisor lateral! E foi ficando pequenininha, enquanto eu reclamava por não ter visto a pobrezinha antes! Para completar, um ônibus passou por cima dela! Parecia que, finalmente, seu fim havia chegado!

A pobre bolsa abandonada e atropelada
Porém, pra nossa sorte – minha e da bolsa – o maridão errou o caminho e, quando vimos, estávamos retornando à Praça XV. Quando passávamos novamente pela feira, lá estava ela: jogada no asfalto, atropelada pelo ônibus, semidestruída. A gritaria no carro foi geral: “olha a bolsa lá mãe, vai pegar ou vai resistir?” Não foi preciso mais nenhum incentivo – o maridão reduziu a velocidade e com o carro a 20km por hora, a chuva fina caindo, meu filho Lucas abriu a porta e salvou a bolsa de um fim definitivo!! Desde então ela repousa no meu armário, esperando a hora certa para ser restaurada e voltar aos lugares de onde nunca deveria ter saído – das mãos de uma mulher, em belos salões de festa!

Em tempo: Jamais cometa a loucura de abrir a porta do carro em movimento, ainda mais com crianças no carro! Só sei que, apesar da imprudência, rimos tanto aquela manhã que valeu a pena. E o que é melhor: a pessoa que fomos visitar no hospital passa bem, obrigada!

Em breve voltarão às festas

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